sábado, 18 de dezembro de 2010

As lições dum conflito

Muitas vezes os responsáveis de empresas não sabem gerir os conflitos, e aquilo que poderia levá-los a um campo do qual poderiam tirar alguns ensinamentos deixando que descambe em becos, dos quais se torna muito difícil sair com dignidade.
Infelizmente, ainda há pessoas que actuam sob normas fixas de pensamento, e perante uma queixa de alguém, ficam rigidamente agarradas a preconceitos de verdadeiro absolutismo.
Conheci um chefe,grande chefe, que quando alguém se queixava, averiguava da forma mais visível, buscando a razão, e não raras vezes se deslocava ao local do “crime” e se colocava do lado do queixoso para ver se gostava ou estava certo fazerem-lhe aquilo de que os outros se queixavam.
Em conflitos não há nada melhor do que vestir a pele de ambas as partes.
Na sociedade portuguesa, fugir-se às responsabilidades é uma norma, principalmente nas empresas de maior dimensão, porque sabem que os pequenos nada podem contra eles. Infelizmente, é uma questão moral e cultural. É um verdadeiro absolutismo.
Esta não assumpção de responsabilidades por parte das instituições, que muitas vezes dão cobertura a pessoas sem idoneidade, cria descrédito a todos os níveis e até anticorpos que na primeira ocasião despertam.
É que um conflito pode até trazer novos horizontes a quem tem responsabilidades de gerir uma empresa ou uma equipa.
É aqui que surge a parte pedagógica que pode advir dum conflito, e o mundo só poderá avançar no caminho da perfeição dos serviços humanos e públicos se escutarmos todas as vozes.
Há pessoas que são constantemente apelidadas de conflituosas porque têm a coragem de ir contra a corrente, mesmo que tenham de ir contra o coro dos pregadores do “politicamente correcto”, e esquecem-se que esses, que muitas vezes são apelidados de inconvenientes, visam apenas chamar a atenção para o que está errado, aquilo que se vê e aquilo que anda encoberto.
Fernando Pessoa deixou-nos o seguinte pensamento “Deus deu-me o seu gládio, para que eu faça a sua Santa Guerra”.
A nossa civilização só tem avançado porque, no decorrer dos séculos, têm aparecido muitas pessoas classificadas, pelos poderes instituídos, de revolucionários, inconformados, inconvenientes, contestatários, etc.
Pena é que nem sempre sejam entendidos publicamente, e quando o são já é tarde demais!
António Borges da Cunha
Antoniobcunha@clix.pt

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