quinta-feira, 7 de abril de 2011

JOÃO MADEIRA MARTINS

Entrada Cultura O ESPÓLIO DE JOÃO MADEIRA MARTINS NO ARQUIVO DISTRITAL

O ESPÓLIO DE JOÃO MADEIRA MARTINS NO ARQUIVO DISTRITAL
O Arquivo Distrital de Leiria passou a contar, desde o passado mês de Abril, com mais um fundo pessoal - o de João Madeira Martins. Paralelamente ao fundo, esta personalidade entregou ao Arquivo um prelo manual com que imprimia os seus próprios livros. Este equipamento e os respectivos tipos (letras) de diversos corpos (tamanhos) estão actualmente expostos no Arquivo, junto do átrio, podendo ver-se justamente um dos livros impressos, "O Testamento do Padre Afonso Pires Loureiro" (Odivelas, 2002).
João Madeira Martins é já um homem de provecta idade: nasceu em Minde no dia 30 de Outubro de 1918, preparando-se, pois, para celebrar os seus 91 anos.
Em jovem fez alguns estudos em Leiria e depois nas Caldas. Acabou por vir a ser o Chefe da Estação de Correios de Santarém até cerca de 1947. Aqui, foi promovido a 1.º Oficial dos CTT e, a seguir, colocado em Lisboa, nos Serviços de Inspecção, nos quais trabalhou cerca de 20 anos, apesar de permanecer pouco tempo na capital, sempre em trabalho pelo país. Mais tarde, fez um curso de Especialização na Escola Prática de Ciências Criminais, na Polícia Judiciária. Aposentou-se em 1978.
João Madeira Martins é sobretudo conhecido como investigador da história local. Em conversa que tivemos com ele a 27 de Agosto último, no Arquivo Distrital, e a convite do nosso amigo e colaborador professor Borges da Cunha (Barreira), confidenciou-nos que, quando tinha tempo, ia para a Torre do Tombo, inicialmente no Palácio de S. Bento e, depois, no edifício novo, ao Campo Grande, em Lisboa. Era bem conhecido dos funcionários e granjeou o seu respeito e confiança. Nessas andanças, foi um autêntico desbravador de história, investigando resmas de documentos particularmente sobre Leiria e região envolvente, mas também sobre a sua terra, Minde. São abundantes e desde há muitos anos os seus artigos nalguns semanários de Leiria, especialmente em "O Mensageiro" e em "A Voz do Domingo".
Curiosamente nunca usou dos serviços de qualquer editora. Os livros que editou e publicou - e muitos são eles - foram produzidos em sua casa, em Odivelas, no prelo que referimos atrás e que diz ter adquirido em 1978 por um bom preço (cerca de 20 contos), quando o "offset" começou a tirar o lugar a estas prensas nas tipografias. Industriado por um colega tipógrafo, ele próprio compunha os textos e os imprimia. No Arquivo Distrital, para além do espólio agora cedido, constam cerca de duas dezenas de títulos, entre eles "Leiria - coisas da Diocese", "Leiria no reinado de D. Filipe III; sua justiça", "Leiria: Evangelhos, Azambujos & Galvões", "Leiria - justificação de nobreza de João Baptista da Silva Coutinho e Abreu", "Leiria - a capela do cónego Gaspar Jorge" e "Batalha: curiosidades históricas". São também abundantes os trabalhos sobre Minde: "As Confrarias em Minde", "Minde e a Casa dos Açores", "Manoel Rodrigues Maia, de Minde", etc.
Esta pequena e despretensiosa nota tem por objectivo não só dar a conhecer mais este espólio brevemente à disposição no Arquivo Distrital, mas também o de registar e enaltecer o trabalho de um investigador nato e inveterado que, ao longo de toda a sua vida, sempre deu a conhecer - nos jornais, em livros domésticos, em comunicações ou por correio pessoal - o resultado das suas pesquisas sem qualquer contrapartida, desinteressadamente, mas com muito empenho e o grande prazer de divulgar as coisas da nossa terra e das nossas gentes de antanho perdidas pelos códices e amontoados de papeis ou pergaminhos da Torre do Tombo e outros arquivos. Bem-haja, caro amigo!
Carlos Fernandes
Actualizado em ( 20-Out-2009 )
O JORNAL DAS CORTES

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